segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Pela boca morre o peixe


Nos últimos tempos o líder do PSD-M tem sido pródigo em desabafos que desnudam as suas estratégias eleitorais. Independentemente da sua motivação o mais importante, para os que se deixaram enrolar nas suas campanhas eleitoralistas, é o facto de estar a dizer o que lhe moveu nestes últimos anos, mais concretamente, com a sua demissão em 2007. Eleições que não passaram de um monumental embuste que será, porventura, o facto histórico mais relevante que manchará negativamente a História da Democracia no processo autonómico.
Apesar das tentativas que fizemos para esclarecer o que estava em causa com essas eleições, os eleitores foram manipulados com a informação controlada pela gigantesca máquina de propaganda laranja, uma propaganda que eclipsou a verdade dos factos e os fracassos do Governo Regional. A eleição foi transformada num plebiscito contra as políticas do Governo da República, mas o alvo a atingir era, na verdade, o maior Partido da oposição, o PS-Madeira.
O líder do PSD-M tem vindo a revelar a razão da sua demissão e “pela boca morre o peixe”. A sua demissão nada teve a ver com as eventuais dificuldades da Lei de Finanças (LFRA), mas sim com o medo da força do PS-M e com o desejo de enguiçar o crescimento que estávamos a conseguir junto do eleitorado. Foi o medo de perder as eleições em 2008, como ele próprio assumiu na sua intervenção, em directo, no encerramento do Orçamento Regional para 2010. Dois anos e meio depois é ele próprio que sublinha o que eu sempre disse: as eleições antecipadas de 2007, não passaram de um embuste que desvirtuou a essência das eleições regionais. E quase todos os partidos agarraram-se a argumentos que apenas serviram para encharcar a cabeça dos eleitores e dos “media” contra o PS. Todos, na ânsia de crescerem à custa do maior partido da oposição, embarcaram hipocritamente na manha das eleições antecipadas de 2007.
Nestes dois anos e meio, lamentavelmente, a mentira foi sobrepondo-se à verdade, cuja principal vítima foi o PS-M, apesar de estar escrito no Programa de Governo que apresentámos em 2007 e durante a campanha termos afirmado que defendíamos uma revisão da LFRA, na base de critérios que melhor espelhassem a realidade socioeconómica da Região. Pelo contrário, o Governo Regional da Madeira, em vez de assumir as suas responsabilidades, procurou esconder o facto de ser co-responsável por esta lei, ou seja, é da responsabilidade dos governos da República e das Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores que se sentaram à mesa das negociações da famigerada lei.
O PS-M sempre alertou o Governo Regional e a opinião pública sobre os critérios usados nas negociações, entre os governos, que poderiam por em causa o interesse da Madeira. Recordo que na altura da discussão das transferências financeiras da União Europeia, em 2005, e do problema da saída da Madeira do objectivo 1, com a consequente perda de cerca de 500.000.000 €, o PSD-M não se preocupou, nem aceitou as medidas que eu próprio, em nome do PS-M, propus no Parlamento Regional, para garantir que a Região se mantivesse no objectivo 1, com base no estudo do Prof. Augusto Mateus.
Começa a ser evidente que, nestas matérias das transferências financeiras e noutras áreas da governação, os males e os problemas da Região, não são da responsabilidade da oposição ou dos inventados “inimigos externos”, são de quem governa esta Terra há mais de 30 anos, tal como disse o líder da JS no jantar de Natal da família socialista.

Artigo de opinião publicado no DN, 28.12.09

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