sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Castigar o trabalho e proteger o capital



Apesar de existir uma campanha para resignar, da minha parte continuo a recusar essa ideia fatalista de que não há outros caminhos senão este que a coligação de direita PSD/CDS nos está a impor. Estamos a atravessar um período de grave crise social, económica e financeira e, infelizmente, este Governo veio confirmar o que eu e o PS-Madeira tínhamos alertado, ou seja, que, com estas políticas de direita, o Estado Social e a protecção de direitos conquistados desde o 25 de Abril estão ameaçados.
Castigar o trabalho para proteger o capital é a ideia central das políticas deste Governo, isto é, a precariedade social e laboral está presente em todas as medidas desta governação ideológica. Tal como disse no artigo de opinião intitulado “Ajuste de contas”, para a direita, o trabalho tem, apenas, uma função utilitarista; não interessa a pessoa, não interessa o ser humano, o que interessa é a precariedade social e laboral para limitar a liberdade dos trabalhadores e tratá-los como se fossem coisas que se vendem e estão à venda, tornando-os escravos da oligarquia dos especuladores financeiros.
Quanto à Madeira, o Governo de Pedro Passos Coelho e Paulo Portas inflige uma dupla austeridade aos madeirenses e porto-santenses, apesar das promessas dos partidos da coligação, nas campanhas eleitorais, cujas promessas para ajudar a Madeira a sair da crise mais não foram do que mentiras reiteradas para caçar votos.
O Orçamento de Estado para 2012 tem a assinatura dos deputados do PSD-M e do CDS-M, ou seja, uma assinatura que corta dois vencimentos aos trabalhadores, duas pensões aos reformados, duplica o IVA na restauração e aumenta todos os impostos, traz mais dificuldades ao CINM com a tributação das mais-valias, aumenta o custo da electricidade e dos transportes e, mostrando desprezo pela Autonomia Constitucional, não respeita os compromissos entre o Estado e a Madeira, nomeadamente no que diz respeito às transferências financeiras para a Região.
Quanto ao famigerado plano de resgate, em vez de ideias para sustentar os sectores tradicionais da nossa economia, do turismo e similares, para travar as falências e o desemprego e para combater empobrecimento generalizado da população, o Governo Regional vai continuar a entalar os Madeirenses, com as suas políticas despesistas, explorando os trabalhadores honrados e protegendo os interesses de uma certa fidalguia que se empanturra à custa dos nossos impostos.

Artigo de opinião, Jacinto Serrão, publicado DN-M, 22.12.11


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