domingo, 22 de fevereiro de 2015

Qualidade da Democracia


A qualidade da democracia não se mede pelo número de partidos que se candidatam a um lugar na estrutura do poder.

Zelar pelos valores de um Estado de Direito Democrático não se deve confundir com a vontade egocêntrica de protagonismo e com a imaturidade típica daqueles que, sem conhecerem a complexa estrutura social e humana e as dinâmicas económicas e financeiras, julgam conseguir solucionar os problemas com utopias infantis.

É escusado falar nos trapaceiros que, na política e fora dela, vão iludindo e vigarizando tudo e todos à sua volta. Aqueles que não olham a meios para chegar ao poder e para satisfazer interesses pessoais, familiares e de grupo, em premeditado prejuízo do bem-comum. Também, não vou falar das repúblicas aristocráticas que, de uma forma mais astuta, conduzem o povo alienado a consentir o poder a certas classes privilegiadas e, assim, governar em função dos interesses oligárquicos.

Defendo intransigentemente uma república democrática de qualidade, onde o princípio da soberania popular deve operar a mudança útil e necessária em democracias adultas, tendo por base um povo informado e esclarecido. Mudança que, neste caso, se faz através dos partidos.

Mas, os partidos não são autocolantes que se colam na lapela, nem objetos descartáveis que se usam nas campanhas e se deitam fora depois dos votos. Os partidos devem ter militantes e funcionar democraticamente, na base de um projeto duradouro para a sociedade, visando, genuinamente, o bem-comum. Um partido é uma estrutura ideológica, com princípios e valores, com programas, propostas e competências para as executar.

Por isso, é preciso ter cidadãos eleitores informados, críticos e atentos para que as suas escolhas sejam inteligentes e adultas, e para que não se deixem cair no conto do vigário.

Artigo publicado no Diário, 22.02.15, Jacinto Serrão

Sem comentários:

Enviar um comentário

Pesquisar neste blogue