Zelar pelos valores de um Estado
de Direito Democrático não se deve confundir com a vontade egocêntrica de
protagonismo e com a imaturidade típica daqueles que, sem conhecerem a complexa
estrutura social e humana e as dinâmicas económicas e financeiras, julgam
conseguir solucionar os problemas com utopias infantis.
É escusado falar nos trapaceiros
que, na política e fora dela, vão iludindo e vigarizando tudo e todos à sua
volta. Aqueles que não olham a meios para chegar ao poder e para satisfazer
interesses pessoais, familiares e de grupo, em premeditado prejuízo do bem-comum.
Também, não vou falar das repúblicas aristocráticas que, de uma forma mais astuta,
conduzem o povo alienado a consentir o poder a certas classes privilegiadas e,
assim, governar em função dos interesses oligárquicos.
Defendo intransigentemente uma república
democrática de qualidade, onde o princípio da soberania popular deve operar a
mudança útil e necessária em democracias adultas, tendo por base um povo
informado e esclarecido. Mudança que, neste caso, se faz através dos partidos.
Mas, os partidos não são autocolantes
que se colam na lapela, nem objetos descartáveis que se usam nas campanhas e se
deitam fora depois dos votos. Os partidos devem ter militantes e funcionar
democraticamente, na base de um projeto duradouro para a sociedade, visando, genuinamente,
o bem-comum. Um partido é uma estrutura ideológica, com princípios e valores,
com programas, propostas e competências para as executar.
Por isso, é preciso ter cidadãos eleitores
informados, críticos e atentos para que as suas escolhas sejam inteligentes e
adultas, e para que não se deixem cair no conto do vigário.
Artigo publicado no Diário, 22.02.15, Jacinto Serrão

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