terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

Uma maioria absoluta e uma derradeira oportunidade

Uma maioria absoluta e uma derradeira oportunidade

As eleições para a Assembleia da República, de 30 de janeiro, ditaram uma vitória do Partido Socialista, uma vitória de António Costa. O país reforça a confiança em António Costa e castiga os partidos da geringonça que provocaram a inusitada crise política, em tempos de pandemia e com as inerentes dificuldades económicas e sociais que estamos a atravessar.

Sem querer entrar na inconsistência ideológica e programática de alguns partidos, constatou-se que, nesta campanha, muito se discutiu entre a dicotomia ideológica Direita/Esquerda. Neste tempo decisivo, os portugueses fizeram uma opção clara pela Esquerda para fazer as reformas que Portugal precisa.

A maioria absoluta do PS, coloca uma responsabilidade acrescida no próximo governo do país. António Costa saberá interpretar este resultado para fazer as reformas estruturais que Portugal tanto precisa.

O momento é oportuno. O país não se pode dar ao luxo de voltar a perder esta oportunidade, no contexto europeu, para superar os problemas básicos de desenvolvimento social, económico e político.

Os portugueses, de todo o país, fizeram uma inequívoca opção, a qual deve ser respeitada, no quadro constitucional e democrático, pelas forças políticas da oposição, eleitas ou não, cujas ideias programáticas foram derrotadas. E, como disse, nem vou me debruçar sobre a pobreza das ideias de alguns candidatos de pequenos partidos que se limitaram a repetir ‘bitaites’, para colher o voto de alguns incautos.  

Os desafios para a próxima legislatura são fundamentais para que o país supere os atrasos e recupere as oportunidades perdidas. Oportunidades perdidas pelos governos passados que não souberam aproveitar os abundantes recursos financeiros da União Europeia e do endividamento (claro) para promover as políticas de um desenvolvimento sustentável.

O próximo governo tem uma derradeira oportunidade. A única para transformar Portugal e aproximar o padrão de vida dos portugueses à média europeia. Isto significa que a inércia do crescimento não é suficiente. Há que acelerar.

Para alcançarmos esses objetivos é necessária uma governação criteriosa do ponto de vista político, com uma gestão rigorosa dos recursos financeiros que a União Europeia irá colocar à nossa disposição. As prioridades imediatas do governo devem ainda de acautelar o pleno aproveitamento dos fundos europeus Portugal 2020.  Concretizar integral e atempadamente os investimentos previstos no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Estabelecer um acordo de parceria entre o Estado português e a Comissão Europeia relativamente ao programa Portugal 2030, para um pleno aproveitamento dos fundos europeus que virão para Portugal.

Estas são algumas garantias que António Costa vai concretizar, como refere no seu programa de governo, para uma boa e célere aplicação dos fundos, adotando um conjunto de medidas transversais que serão ferramentas para garantir estratégia, simplificação, celeridade, proximidade, responsabilidade e transparência na gestão dos fundos. E, inspirado num ditado popular, tendo os ovos, o mais importante é saber fazer uma omelete. Neste caso, há que lançar, com coragem política, as reformas para colocar Portugal a crescer mais rápido do que a média europeia e superar os atrasos estruturais em relação aos parceiros europeus.

31.01.22

Jacinto Serrão

Publicado no Funchal Notícias, 22.02.01

Uma maioria absoluta e uma derradeira oportunidade (funchalnoticias.net)

Sem comentários:

Enviar um comentário

Pesquisar neste blogue