Serrão anunciou uma sondagem que põe o PSD-M a perder a maioria absoluta;
outra, feita anteriormente, deu ao PS resultados mais modestos
Luís Calisto
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Dirigentes do PS dizem que as duas sondagens 'valem o
mesmo do que as outras' e negam que os auscultados fossem militantes do
partido
Feita com 1.221 entrevistados, a sondagem que Jacinto Serrão referiu no
jantar de Natal dos socialistas, dia 21, indicava a perda de maioria absoluta
pelo PSD-M caso houvesse eleições agora. Foi a 'boa notícia' que o presidente do
PS-Madeira levou aos participantes na festa natalícia. Antes, o partido da Rua
do Surdo tinha encomendado uma outra sondagem, para saber do pensamento do
eleitorado em plena guerra da Lei de Finanças.A primeira auscultação aos madeirenses decorreu no auge dessa guerra, quando associações patronais, ordens e sindicatos acorriam ao apelo de Alberto João Jardim para que condenassem, publicamente, o 'garrote financeiro' que Lisboa impunha à Região. Segundo dirigentes do PS-M, os resultados desta primeira sondagem, embora distantes dos registados na segunda, não foram o 'desastre' que muitos temiam. O PSD ganhou, mas sem uma vantagem 'arrasadora'.
Quanto ao valor real das sondagens, 'valem o mesmo do que as outras, valem o que valem', comentam dirigentes do PS, rejeitando a leitura de Jardim segundo a qual os socialistas dão à empresa contratada a lista dos seus militantes para que sejam eles a responder às sondagens. 'Talvez seja isso que fazem no PSD, já que tiveram a ideia'.
Antes do jantar de Natal, há oito dias, em que Jacinto Serrão anunciou a 'perda' de maioria absoluta pelos social-democratas madeirenses, realizou-se uma reunião da Comissão Regional dos socialistas, não transmitida à agenda dos órgãos de Comunicação Social. Foi altura para discussão do plano de actividades para 2007, que seria aprovado por unanimidade. Daí saíram as datas das eleições para as estruturas concelhias e secções, a decorrer em fins de Janeiro. Desta vez em simultâneo. Essa diligências partidária decorreu no dia em que o DIÁRIOpublicou a informação de que Jardim avançara com a extensa programação do PSD-Madeira até 2008, incluindo o XII congresso, que o líder social-democrata quer de 28 a 30 de Março desse ano.
'A nossa estratégia está definida e não é a calendarização da vida do vizinho que nos vai influenciar e fazer alterar a agenda', esclarece a propósito o presidente do PS-M.
Segundo Jacinto Serrão, em Maio de 2007 passam dois anos sobre o congresso anterior e é por aí, 'um mês antes, um mês depois', que nova reunião magna acontecerá.
Antes, haverá eleição directa do líder pelos militantes, acto que contará com Jacinto Serrão como candidato. José António Cardoso, antigo líder, já se assumiu também como candidato da rotura, mas Serrão não comenta esse anúncio. 'Quem tem de tratar dessas coisas, na hora certa, é a COC (Comissão Organizadora do Congresso), eu não tenho nada com isso', descarta-se o actual líder, acrescentando que a sua própria candidatura só será formalmente proposta depois da marcação da data do congresso, o que deverá acontecer 60 dias antes da reunião do mais importante órgão do partido, esta por volta de Maio. 'Só depois do congresso marcado é legítimo falar em candidaturas', reforça.
Mesmo sobre um possível convite a José Sócrates para que venha ao congresso, Serrão remete a decisão para a COC, o mesmo acontecendo com a lista de convidados representativos dos diversos partidos na Região.
Jacinto Serrão considera que a marcação da longa programação do PSD-M até 2008 foi uma forma de Jardim pôr as pessoas a falarem, 'interna e externamente'. Mas nem por isso o PS deixará de 'pensar e acreditar na derrota do PSD nas próximas regionais'. Diz Serrão: 'Nas últimas eleições, eles tiveram 53%, portanto não é delírio nenhum trabalhar para a mudança na Madeira. Desta vez teremos nova Lei Eleitoral, com círculo único. O método de Hondt não contará'.
Serrão refuta a acusação de 'colaboracionista' com que Jardim o tem colado a Lisboa. 'A teoria do colaboracionismo não influenciará as eleições de 2008, porque os Madeirenses já começaram a identificar quem são os verdadeiros traidores', contra-ataca o presidente do PS-M. 'Traidores são os que vão prejudicar fatalmente a Madeira, com as suas políticas erradas. Traição é hipotecar o futuro da Madeira, até 50 anos, para estar a defender, hoje na Região, os caprichos e os interesses de uma minoria'.
Afirma Serrão que os 'traidores' estão 'dentro do PSD', pelo que não o preocupa o veredicto do eleitorado em 2008. 'É verdade que, usando o dinheiro que vai arranjar agora com os negócios da tal 'engenharia financeira', o dr. Jardim terá meios para as obras do seu folclore', diz Serrão. 'Mas o povo já percebeu que depois teremos de pedir clemência à Europa e pedir também a Lisboa que nos deixe declarar falência... e que nos pague a dívida outra vez'.
Congresso do 'aggiornamento'
Ao contrário do que diz notar em 'outros partidos', Jacinto Serrão está interessado em que o congresso dos socialistas, previsto para Maio de 2007, seja o 'aggiornamento' no partido. Num encontro não anunciado da Comissão Regional, realizado há oito dias, foi marcado o último fim-de-semana de Janeiro para as eleições das estruturas partidárias. Aos níveis de concelho e de secção.
Assim que seja marcada a data do Congresso - marcação a ocorrer em Março-Abril -, Jacinto Serrão anunciará a sua recandidatura à liderança do partido. Votação nas mãos dos militantes, a quem compete essa escolha, antes do congresso. Se ganhar (José António Cardoso já garantiu que tentará voltar à presidência), Serrão apresentará listas para os órgãos partidários, essas sim a ser votadas pelos delegados ao congresso. É aí que o actual líder - que então entrará para um terceiro mandato - fará a renovação interna. 'A renovação tem-nos trazido bons resultados e é isso que voltará a acontecer, ao contrário do que se vê nos outros: sempre os mesmos há 20 e 30 anos', diz.
http://www.dnoticias.pt/impressa/diario/44252/politica/61240-duas-sondagens-e-nao-apenas-uma-animam-socialistas-para-2008
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