Na passada terça-feira, o Eng. Óscar Teixeira, candidato à Câmara de Santa Cruz, junto do novo complexo desportivo de Gaula, alertou a população para mais um absurdo da política desportiva da Madeira. O Club Sport Juventude de Gaula, que tem nas diversas camadas de formação mais de 200 jovens, está impedido de usufruir deste complexo desportivo, construído na sua Freguesia, nas proximidades da sua sede e, como já se sabe, com o dinheiro dos contribuintes. Este caso, noutra região do País, poderia ser considerado insólito, mas na Madeira tudo pode acontecer com a total desfaçatez, ante a incompetência da Câmara e da Junta de Gaula que não têm a coragem para enfrentar o poder da Quinta Vigia.É confrangedor ver a inépcia dos responsáveis pelo poder local, vergados aos ditames do poder central e aos interesses partidários, descaracterizando a nobre função pública que lhes é conferida pelos eleitores.
Em relação ao sector do desporto, no contexto regional, o Governo rejubila com a sua política desportiva, mas feitas as contas aos avultados recursos financeiros, materiais e humanos absorvidos os resultados estão aquém do exigível.
A agenda para o desporto denuncia uma prática discriminatória e defensora de interesses que não são os do bem comum. Ao contrário do que seria desejável a aposta (a fatia de leão) vai para o futebol profissional, visando resultados imediatos nas competições nacionais e internacionais, em vez de centrar o grosso do investimento na formação dos nossos jovens, nos campeonatos regionais competitivos e de qualidade e de oferecer aos atletas madeirenses a possibilidade de praticarem a sua modalidade preferida. Mas, nesta fúria pela política espectáculo, os responsáveis pelo sector distribuem umas migalhas, dos avultados recursos financeiros, pelas áreas que deveriam ser consideradas prioritárias para garantir a sustentabilidade do sector desportivo na Madeira.
Considero, em coerência com o que defendi no passado, que a Madeira deverá fazer uma aposta estratégica no desporto, mas na base de uma distribuição racional do erário público, combatendo os desperdícios e promovendo práticas desportivas que atravessem todos as faixas sociais e etárias da população, assumindo o desporto como parte integrante da formação ao longo da vida.
Em nome da transparência importa definir prioridades claras e critérios justos para a atribuição dos recursos ao desporto escolar, federado, amador e profissional. Importa uma visão holística do desporto, uma forte descentralização e o reforço das funções assumidas pelas autarquias, clubes, escolas e universidade. O desporto pode e deve apostar, também, numa política de empreendedorismo, procurando parcerias com os agentes turísticos e todo o meio empresarial, potenciando o fenómeno desportivo e comprometendo-os com recursos privados nos investimentos.
Mais ambição no desporto escolar e na reorganização curricular, alargando o leque de modalidades desportivas e as condições de trabalho dos professores, é um bom caminho para promover os talentos da nossa terra.
A actividade física deve ser promotora da saúde pública, contribuindo para a integração de minorias e de todos aqueles que querem praticar uma modalidade desportiva, sem estarem obrigados às exigências do desporto profissionalizante. Para isso, os equipamentos desportivos devem estar ao serviço de todos os madeirenses, clubes, escolas e movimentos associativos, numa perspectiva de rentabilização dos espaços desportivos. O acesso deve estar livre dos condicionalismos que são colocados para aceder a estes bens que pertencem ao POVO!
Artigo de opinião publicado no DN-M. 28.08.09
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