Opinião
A Chama dos madeirenses
Não nos peçam contenção na hora de combater o desleixo gerador da catástrofe
Ricardo Miguel Oliveira
Nesta hora de combate extenuante, mas também de angústia, de indignação e de desespero, tal como o fogo veloz, torna-se fácil criticar ou julgar. É inevitável. Quem manda dá, por definitivo o que é imprevisível, briga por protagonismos, fala sem pensar, e ainda tenta esconder negligências acumuladas, planos obsoletos e prepotências irremediáveis. A par da dolorosa suspeita de que os incêndios servem à agenda política, esta incompetência deixa-nos inseguros e, em muitos casos, entregues à chama que nos torna corajosos e até mesmo ao milagre.
Nesta hora de incertezas e de perdas, em que a paisagem verde se transfigura, comprometendo o pão gerado pelo turismo, e o trabalho de uma vida fica reduzido a cinzas, agudizando um futuro norteado pela crise, torna-se fácil arranjar fugas, bodes expiatórios, manobras de diversão, carros pretos e conferências de pressão, vazias de lucidez e de honestidade. É no mínimo estranho que tanto simulacro bem sucedido sirva de pouco sempre que há condições excepcionais; que surjam do nada 50 habitações quando ainda estão por realojar vítimas do '20 de Fevereiro' por falta de casas; que as torres de vigilância de pouco ou nada sirvam na prevenção dos incêndios; que falte a água onde é mais precisa; e que haja combate selectivo às chamas, ou seja, conforme a notoriedade da vizinhança.
Torna-se fácil ser especialista em meios aéreos, comentador intolerante às opiniões diversas e
gerador de vítimas, como se já não bastassem as que foram apanhadas sem piedade pelo fogo, seja ele posto por terroristas ou potenciado pela permissividade colectiva.
Facilitar tem sido, aliás, o lema daqueles que por desleixo e sem noção do perigo atiram cigarros acesos para a florestas, fazem queimadas em dias ventosos, não limpam propriedades e vivem como se o seu mundo não fosse também o nosso.
Nesta hora, os madeirenses já mostraram que também é fácil fazer contrafogo com a chama interior que nos caracteriza e com o desejo inequívoco de ajudar quem precisa. Valha-nos tamanha generosidade.
Jacinto Serrão Deputado do PS-M É dos poucos deputados com assento na Assembleia da República que insiste numa causa justa. Um governo que em plena era de aperto espatifa mais 5 milhões de euros num jornal mas obriga os madeirenses a fazer sacrifícios é perigoso.
Feliciano Barreiras Duarte Secretário de Estado Apertado pelo CDS-PP madeirense, voltou a prometer legislação que acaba com jornais públicos. Desta
vez, definiu um prazo. Até ao fim do ano acaba-se o escândalo. Resta saber se manterá a palavra ou cederá a Relvas.
Fernando Curto Presidente da ANBP Neste momento em que todos os bombeiros são poucos no combate eficaz às chamas, voltou a defendê-los, bem como a corporação única e os meios aéreos. É por estas e outras que Jardim não o tolera, embora muito deva aos soldados da paz.
Vasco Aibéo Empresário A 'OGAM', empresa com sede na Madeira, exporta para vários países 95% dos projectos que desenvolve. É a prova que, em tempo de crise, importa apostar em mercados externos, ser flexível e apresentar novas soluções.
João Santos Director regional do Desporto Aceitou um desafio difícil mesmo sabendo que não foi a primeira escolha. Tem condições e uma vasta experiência vivida no desporto, suficientes para garantir um bom trabalho. Resta saber se 'a missão' não será posta em causa por traidores
http://www.dnoticias.pt/impressa/diario/opiniao/336261-a-chama-dos-madeirenses

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