quinta-feira, 23 de agosto de 2012

O desemprego é útil à direita


Há muito tempo que venho alertando para os perigos desta direita que tende a escravizar o trabalho em benefício do capitalismo sem escrúpulos que não reconhece o princípio da justa distribuição da riqueza como um avanço civilizacional e fator de harmonização social. São os perigos de uma visão utilitarista que considera as pessoas instrumentos para trabalhar, sem que lhes sejam reconhecidos os direitos que garantam o respeito pela sua dignidade humana.

Esta é a direita que alimenta as políticas da coligação PSD/CDS e da estúpida austeridade que nos tem sido imposta e que, ao fim e ao cabo, deseja o desemprego. Por isso, ouvimos as declarações dos seus dirigentes, tantas que já se perdeu a conta, sem sensibilidade social. Por exemplo, vozes do PSD a dizer que estar desempregado representa “uma oportunidade para mudar de vida” e do CDS a dizer que “entre estar desempregado sem apoio”, ou seja, sem segurança social, é “preferível trabalhar".

A lógica é muito simples: quanto mais desempregados, mais empobrecimento e precariedade, logo mais vulneráveis ficam as pessoas e, se não quiserem que a sua família passe fome ou outras dificuldades, terão de se sujeitar a estas políticas a qualquer custo.

A crise do emprego é, portanto, a alavanca que eles desejam para justificar a desregulação das Leis do trabalho, com a consequente precariedade laboral e a exploração dos trabalhadores - dos mais aos menos qualificados. Ou seja, cortes nos salários, nos subsídios, nos direitos e nas garantias sociais e, ainda, o aumento do tempo de trabalho.
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Artigo de opinão, Jacinto Serrão, publicado Diário, 22.08.12

http://www.dnoticias.pt/impressa/diario/politica/2012-08-22

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