
Exma. Sra.
Presidente da Assembleia
da República
A atividade desenvolvida
pelo Jornal da Madeira (JM) bem como os contornos inerentes ao seu
funcionamento, vêm sendo contestados desde há muito tempo por diversas
entidades, sejam jornalísticas, sejam políticas, sejam da esfera meramente
social.
Apesar das muitas
iniciativas já empreendidas, seja na Assembleia da República, seja junto dos
membros do atual Executivo, até hoje a problemática provocada pelo JM persiste,
sem que tenha havido qualquer intervenção governamental para resolver este
grave problema de distorção dos Princípios Constitucionais, com o uso abusivo
de dinheiros públicos para fins avessos ao Estado de Direito Democrático. Um
problema que viola, comprovadamente, a Lei da Imprensa e a Lei da Concorrência.
Além disso, o Plano de
Resgate (PEAF-RAM), assinado pelo Governo da República para a Madeira, que
impõe medidas de austeridade extrema para os madeirenses e porto-santenses, não
está a ser respeitado pelas partes, nomeadamente na questão da alienação das
empresas públicas falidas e que estão sempre a somar prejuízos. Os Governos da
República e da Região parecem continuar a assistir impávidos a este desmesurado
financiamento a um meio de comunicação social para fins que não os do Estado de
Direito Democrático e os do PAEF-RAM.
Com efeito, a ERC já se pronunciou
sobre esta matéria, através de uma deliberação, na qual determina que o facto
da Região Autónoma da Madeira ser a proprietária da Empresa do Jornal Madeira,
Lda., através do seu órgão executivo (Governo Regional), punha em risco a preservação
de um quadro pluralista no subsetor da empresa diária, instando por isso o Governo
Regional a adotar providências que permitissem a supressão destes efeitos
nefastos (práticas discriminatórias na distribuição do investimento
publicitário, intervenção na gestão desta empresa e no estatuto editorial que
põem em causa os princípios da transparência e da proporcionalidade e a salvaguarda
do pluralismo interno e da independência perante os poderes políticos).
Foi também apresentada uma
queixa contra a Região Autónoma da Madeira e à empresa Jornal da Madeira, Lda.
devido ao não cumprimento desta deliberação, situação que, depois de analisados
todos os factos através das diligências legalmente estipuladas, culminou com a
determinação de que esta Empresa deveria redigir um novo estatuto editorial
para o Jornal da Madeira, de acordo com as exigências e os procedimentos da Lei
da Imprensa, estabelecendo ainda uma sanção pecuniária compulsória por cada dia
de atraso e responsabilizando diretamente o conselho de gerência do jornal.
Para além desta
condenação, o escândalo do Jornal da Madeira foi ainda contestado pela World
Association of Newspapers News Publishers (WAN-IFRA), associação mundial de
jornais e editores de notícias, que endereçou dois ofícios ao Sr. Presidente da
República, com conhecimento ao Sr. Primeiro-Ministro e ao Presidente da
Comissão Europeia, no qual exprime a sua preocupação relativamente ao abuso
deliberado dos fundos estatais na imprensa pelo Governo Regional e consequente
distorção do mercado de jornais diários, bem como à violação das leis básicas
da concorrência.
A atividade do Jornal da
Madeira constitui indiscutivelmente uma prática de “dumping”, com um preço de
capa de dez cêntimos (0,10€) num jornal financiado, abusivamente, pelo
Orçamento da Região, com custos exorbitantes de cerca de 11.000,00€/dia. Pior ainda,
a Empresa Jornal da Madeira tem, como vem sendo tornado público ao longo dos
últimos anos, um passivo desproporcionado, de cerca de 50.000.000,00€, causando
um recorrente prejuízo à Região, com as respetivas implicações no deficit da Região e, obviamente, do País.
Esta situação torna-se
ainda mais grave e escandalosa, atendendo ao facto da Região estar praticamente
insolvente e a atravessar uma fase económica e social muito frágil e
preocupante, com os cortes generalizados em praticamente todos os setores da
economia e com muitas famílias a serem flageladas com o desemprego e as
dificuldades financeiras.
Neste sentido, e porque
se trata de uma matéria de urgente análise e resolução, o Deputado signatário
requer, através de V. Exa., ao Sr. Primeiro-Ministro, resposta às seguintes
questões:
1.
Face ao exposto e às
deliberações e recomendações das entidades reguladoras e, que apelam para o respeito
da Lei da Imprensa e da Concorrência, que iniciativas pretende encetar no
sentido de ver esta situação resolvida?
2.
Considera que o
financiamento ao Jornal da Madeira e a sua situação, nas condições acima referidas,
está adequado às medidas de austeridade que constam no PEAF-RAM?
3.
O Governo já estabeleceu
os contactos com o Governo Regional no sentido do cumprimento do PEAF-RAM, no
que respeita às empresas de capitais públicos totalmente falidas?
Mui
respeitosamente,
Jacinto
Serrão
http://www.dnoticias.pt/actualidade/politica/515372-serrao-questiona-pm-sobre-situacao-escandalosa-do-jornal-da-madeira#comment-614386
http://www.dnoticias.pt/impressa/diario/335069/politica/335143-serrao-obriga-gaspar-a-falar-do-jornal-da-madeira
http://www.dnoticias.pt/multimedia/video/515647-subsidio-ao-jornal-da-madeira-motiva-cartoon-da-semana
http://www.dnoticias.pt/actualidade/politica/515372-serrao-questiona-pm-sobre-situacao-escandalosa-do-jornal-da-madeira#comment-614386
http://www.dnoticias.pt/impressa/diario/335069/politica/335143-serrao-obriga-gaspar-a-falar-do-jornal-da-madeira
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